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Lideranças Saudáveis

4 de Outubro, 2024

O mundo do trabalho é uma realidade inquestionável para a maioria de nós. De uma forma geral, precisamos de trabalhar para que, com o nosso salário, possamos fazer face às despesas mensais que temos e para que possamos comprar o que queremos e/ou precisamos. Outros há que, mesmo não tendo esta necessidade de trabalhar premente pela via económica, o faz porque, desta forma, sentem-se úteis e realizados. A questão é que, independentemente da nossa realidade, outra verdade inquestionável é que todos queremos trabalhar num local onde nos sintamos bem, valorizados e reconhecidos. Ir trabalhar não deve nunca ser um castigo, mas sempre um prazer. É célebre a frase de Confúcio que diz: “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”.  Contudo, além de devermos realizar tarefas com as quais nos identifiquemos, o que mais influi na nossa felicidade no trabalho? Desde logo, a qualidade e postura do nosso líder. Estaremos sob a alçada de uma liderança saudável?

Nunca esta questão foi tão debatida como na atualidade. Como deve ser um líder? Que características deve ter? É reconhecido por todos que ninguém é líder mercê um decreto ou uma mera nomeação. Muitos são aqueles que, perante uma oportunidade de liderança, percebem que não têm as competências necessárias para a realização de um bom trabalho, até porque muitas dessas competências são intrínsecas à personalidade e que, por isso, não são passiveis de serem aprendidas com uma licenciatura, mestrado ou doutoramento. São competências que não se ensinam, que têm de ser sentidas e experienciadas. Outros há que não admitem as suas falhas e não abdicam do poder de mandar.  Contudo, existem também aqueles que nasceram para ser líderes e que cedo mostraram as competências necessárias para a implementação de uma liderança saudável, conceito que vai muito além das habilidades técnicas e do conhecimento operacional da pessoa que guia um grupo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde pode ser considerado um ambiente de trabalho saudável: “aquele em que os trabalhadores e chefes colaboram num processo de melhoria contínua para promover e proteger a saúde, a segurança e o bem-estar dos trabalhadores e sustentabilidade do ambiente de trabalho.” Assim, a liderança saudável é aquela que, além de guiar os membros da sua equipa na prossecução de metas e objetivos, cuida também ativamente da saúde mental e bem-estar. Pessoas felizes criam empresas felizes e de sucesso.

Contudo, uma boa liderança nem sempre foi encarada desta forma. Durante muito tempo um bom líder era aquele que trabalhava incansavelmente, o primeiro a chegar e o último a ir embora, que liderava pelo exemplo, colocando os objetivos da empresa acima de tudo, incluindo do seu próprio bem-estar. A liderança era frequentemente associada a termos como o sacrifício e a abnegação. Um verdadeiro líder não tirava férias e estava 24h / 7 dias por semana disponível para funcionários e fornecedores, tal o nível de dedicação e compromisso. O problema é que esta forma de encarar o trabalho e a liderança apenas resultou em líderes e equipas stressadas, esgotadas, com claros sinais de burnout, em resultado de uma cultura de trabalho insustentável e um clima organizacional negativo, sendo este um dos principais vilões das empresas. Hoje, este mito está a ser desfeito e é possível perceber que um líder consciente consegue alcançar o sucesso profissional sem comprometer a sua saúde física e mental, assim como a dos seus colaboradores. Se um líder priorizar o autocuidado, torna-se mais resiliente, inspirador e capaz de construir equipas mais produtivas e cooperativas. É por tudo isto que, nos nossos dias, qualquer organização que pretenda crescer de forma sustentável e responsável aposta em lideranças saudáveis. 

Mas, afinal, o que pode um líder fazer para promover uma liderança saudável? Desde logo, um líder deve cuidar primeiro de si, para depois poder estar apto a cuidar dos outros. O autocuidado nunca deve ser apenas uma escolha, mas deve ser sempre encarado como uma necessidade essencial para o sucesso e bem-estar de todos. Assim, se o líder mantiver um equilíbrio emocional e físico, estará melhor preparado enfrentar os desafios diários e apoiar a sua equipa de forma consistente, compassiva e empática. Cuidar primeiro de si permite manter a clareza mental e a energia necessárias para uma tomada de decisão informada, o que potenciará a condução e gestão de uma equipa com confiança redobrada, uma vez que um líder equilibrado e saudável é mais capaz de inspirar confiança, resolver conflitos com calma e promover um ambiente de trabalho positivo. Além disso, líderes que cuidam da sua saúde mental tornam-se mais resilientes, perseverantes e capazes de gerir o stress de forma eficaz, o que potenciará a gestão assertiva das adversidades inevitáveis do ambiente de trabalho. Paralelamente esta liderança com base no exemplo cria um ambiente, onde o bem-estar é valorizado e promovido por todos e todas, o que originará um ambiente de trabalho mais harmonioso, onde é promovida uma cultura de respeito e colaboração. Por fim, a liderança saudável também tem um impacto significativo na retenção de talentos, uma vez que pessoas que percebem que os seus líderes se preocupam com seu bem-estar são mais leais e comprometidos com a empresa, sentem-se valorizadas e apoiadas, o que aumenta a satisfação no trabalho e reduz a rotatividade.

Um líder deve ter a capacidade de motivar a equipa de forma positiva, por forma a evitar o absentismo, incentivando o desenvolvimento pessoal para que, com resiliência e motivação, os colaboradores possam exercer a sua função sem o desenvolvimento de quaisquer síndromes e/ou traumas psicológicos. Seja em resultado da falta de confiança, medo dos conflitos, falta de comprometimento, evitar de responsabilidades ou falta de atenção aos resultados, são vários os desafios que as equipas enfrentam diariamente e a verdade é que todos conhecemos pessoas em posições de liderança, com uma vida repleta de formações na área e com um percurso profissional imaculado e que, nem assim, são capazes de inspirar quem os rodeia. Um líder tem de ter coragem, assertividade e confiança para aceitar que, com humildade, vai liderar pessoas que serão sempre melhores que ele nas mais diversas temáticas, que terão necessidades e pensamento diferentes do seu. Um líder terá de estar preparado para acolher opiniões diferentes da sua, escutar ativamente aqueles com quem labora e disponibilizar-se para encarar as questões sob um diferente ponto de vista. Claro que, no final, a decisão será sempre sua, contudo, desta forma, certamente será muito mais informada. É por isso que em qualquer processo de liderança a chave fundamental para o sucesso é a capacidade de comunicação do líder. Ele deve ser capaz de comunicar de forma aberta e transparente, por forma a criar um ambiente onde os colaboradores se sintam à vontade para expressar suas opiniões, compartilhar ideias e resolver problemas juntos.

É também de suma importância que um líder seja empático, que seja inteligente emocionalmente e que entenda e respeite as necessidades e preocupações de seus colaboradores. Desta forma, a equipa sente-se valorizada e respeitada. Esta sinergia potenciará a colaboração e o apoio mútuo, o que criará um ambiente onde todos se sentirão como parte de algo maior, onde trabalham juntos com o objetivo de alcançarem objetivos comuns. Por fim, um líder promove o equilíbrio entre vida profissional e pessoal dos seus colaboradores, através da adoção de políticas de trabalho ajustadas às necessidades como horários flexíveis, opções de trabalho remoto e programas de bem-estar corporativo. Neste aspeto a pandemia recente que todos nós vivenciamos mudou a vida de diversas empresas e foram muitos aqueles que reconheceram que não funcionamos todos da mesma forma. Existem aqueles que acordam mais cedo do que as galinhas, enquanto outros são verdeiros notívagos sendo mais produtivos enquanto contemplam um entardecer ou já perante o silêncio da noite. A palavra de ordem é flexibilidade, confiança no outro e o reconhecimento de que, no final, o mais importante é o resultado e não a forma. Desde que as tarefas sejam cumpridas e os objetivos sejam atingidos, os timings ou a forma como estes são conseguidos passa para um plano irrelevante. Por norma, quando há liberdade, há motivação, sendo que quando há motivação, há produtividade. 

Por tudo isto, é inegável que a liderança desempenha um papel fundamental na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e produtivos. Líderes inspiradores, que sabem escutar ativamente, que são comunicativos, empáticos e comprometidos potenciam culturas organizacionais positivas onde todos se sentem valorizados e motivados.

Por Armanda Bragança

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