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IA – Evolução ou Perigo?

19 de Setembro, 2024
No decorrer dos últimos anos muito se tem falado de Inteligência Artificial – IA, sobretudo agora quando o recurso ao famoso ChatGPT é uma realidade quase diária. Muitos auspiciam que este será uma espécie de nova revolução industrial que irá mudar, para sempre, o futuro da Humanidade. Neste sentido, existem aqueles que defendem que a IA é o resultado da evolução e do desenvolvimento e que muito progresso irá trazer ao mundo do trabalho, sobretudo em sociedades onde a mão de obra, essencialmente especializada, é cada vez mais escassa e difícil de obter. Contudo, existem outros que encaram a questão como um verdadeiro perigo para o mundo do trabalho em particular e para a sociedade em geral. Quem não se lembra do filme Exterminador Implacável e da ascensão das máquinas que tomaram conta do mundo e dos destinos da humanidade? A inteligência artificial é início desta cavalgada em direção à extinção do mundo como o conhecemos, uma vez que as máquinas conseguem tornar-se mais inteligentes que o homem e tomar conta do mundo. 
Muitos podem pensar que só agora a IA e uma realidade, contudo, há mais de 50 anos que diversas tecnologias trabalham com recurso a esta ferramenta, seja ao nível do software (assistentes virtuais, motores de busca ou sistemas de reconhecimento facial e de voz) ou incorporada no hardware (robôs, drones e carros que conseguem estacionar sozinhos ou que detetam o veículo da frente e são capazes de parar sozinhos). Sem que tenhamos, muitas vezes, essa consciência recorremos à IA quase todos os dias, seja quando fazemos compras online e o site milagrosamente me recomenda aquele produto que compro recorrentemente ou sobre o qual andei a investigar na internet dias antes; ou quando faço uma pesquisa na internet recorrendo a um conhecido motor de busca que vai reconhecendo os padrões das minhas pesquisas e me vai sugerindo páginas que vão de encontro precisamente às minhas preferências; ou ainda quando estamos presos no trânsito e recorremos a uma aplicação para que esta nos mostre o melhor caminho a adotar ou a melhor rota a realizar; ou então, quem nunca viajou e recorreu a um tradutor, com recurso ao telemóvel, por forma a melhorar exponencialmente a nossa capacidade de comunicação? Pois bem, todas estas ferramentas que usamos para nos ajudarem no nosso dia-a-dia funcionam com base na inteligência artificial.
Apesar disso, também é verdade que os maiores desenvolvimentos nesta área aconteceram no decorrer dos últimos anos, pelo que a importância da IA é cada vez maior no mundo moderno. Não nos podemos esquecer que a transformação digital é uma realidade e uma necessidade premente em muitas necessidades, motivo pelo qual a IA passou a ser uma prioridade na União Europeia.
Mas, afinal, o que é a inteligência artificial? De acordo com o Parlamento Europeu “é a capacidade que uma máquina tem para reproduzir competências semelhantes às humanas como é o caso do raciocínio, a aprendizagem, o planeamento e a criatividade”. Podemos também afirmar que a IA é o ramo das ciências informáticas aplicadas que tem como objetivo desenvolver sistemas que emulem o raciocínio humano para a resolução de problemas. Atualmente, a IA já permite que “os sistemas técnicos percebam o ambiente que os rodeia, lidem com o que percebem e resolvam problemas, agindo no sentido de alcançar um objetivo específico. O computador recebe dados (já preparados ou recolhidos através dos seus próprios sensores, por exemplo, com o uso de uma câmara), processa-os e responde”. Assim, as máquinas já são capazes de adaptar o seu comportamento, uma vez que analisam os padrões e resultados de ações anteriores.
Facilmente podemos enunciar diversas vantagens para o uso da IA como a automação, libertando o ser humano para a realização de tarefas mais complexas e criativas; a consequente melhoria dos níveis de eficiência, uma vez que a velocidade e precisão usada pelas máquinas é superior à dos seres humanos; a tomada de decisão aprimorada, já que os algoritmos de IA podem analisar grandes volumes de dados e identificar padrões que podem ajudar na tomada de decisões. Contudo, também são diversas as desvantagens reconhecidas, como a possibilidade de viés e discriminação, uma vez que alguns algoritmos de IA podem refletir preconceitos e discriminações presentes nos dados utilizados para treiná-los; colocam-se questões também ao nível da privacidade e segurança, dado que a recolha e o processamento de grandes quantidades de dados pode levantar preocupações sobre a privacidade e a segurança digital; por fim, vale a pena destacar a dependência de dados, uma vez que a falta de dados adequados ou o uso de dados enviesados pode afetar a precisão e a confiabilidade dos sistemas de IA.
Indesmentível é o facto de que a IA vai transformar praticamente todos os aspetos da nossa vida e da economia. Para dar apenas alguns exemplos, na saúde, a IA pode ser um importante auxílio para se conseguirem novas descobertas e melhorias no diagnóstico individual tal a quantidade de dados que podem ser analisados e correlacionados em tempo recorde, permitindo o reconhecimento de padrões. No que concerne à capacidade de produção, sendo a Europa um território onde a mão-de-obra escasseia cada vez mais, mercê a baixa taxa de natalidade, com recurso à IA as fábricas poderão voltar com recurso à utilização de robôs, o que permitirá aumentar exponencialmente a eficiência e a produção, até porque esta poderá decorrer 24 horas por dia / 7 dias por semana. Também na agricultura, o uso de robôs pode mostrar-se uma importante mais-valia, uma vez que permitirá o uso de terrenos em locais de dificil acesso para o ser humano, enquanto poderão permitir a realização de uma agricultura mais sustentável e saudável, uma vez que poderão contribuir para o controlo das pestes e das espécies invasoras, como as ervas daninhas. Para além disso, as necessidades das plantas poderão estar sempre acauteladas, uma vez que a IA permitirá detetar quando estas precisam, por exemplo, de sol ou de água. 
Ainda assim, as empresas têm de ser conscienciosas no uso que fazem da IA, uma vez que este, por um lado, não pode ser indiscriminado e, por outro, implica grandes investimentos e esforços de tesouraria que muitas empresas não têm neste momento, pelo que a escolha da solução a adotar deve ser criteriosa e muito bem pensada e fundamentada. Desde logo, as empresas têm de ter muito bem definido qual é o problema que pretendem que a IA ajude a resolver. Seguidamente, têm de reconhecer que a IA funciona com base em dados, pelo que, se querem encontrar soluções, é necessário que as bases de dados a analisar existam, para que o “treino” da IA seja o mais profícuo possível. Para além disso, muitas empresas querem tanto estar na vanguarda e publicitar que usam IA que adotam a tecnologia mais recente, em detrimento de se focarem em encontrar aquela que lhes irá resolver o problema, sendo que, em muitos casos, até já existem outras tecnologias que poderiam dar a resposta devida à questão apresentada. É por tudo isto que as empresas têm de ser pragmáticas, definindo objetivos claros e mensuráveis, para que a adoção da tecnologia traga resultados que possam ser identificados e quantificáveis. A estratégia tem de ser clara, processos têm de estar bem estabelecidos e têm de existir pessoas qualificadas na equipa para que o investimento em IA não seja desperdiçado. 

Por Armanda Bragança

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