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Fim de ano e tanto por fazer

29 de Novembro, 2024
Da mesma forma que o início de cada ano é uma forma de recomeço, o fim de cada ano é o momento ideal para olhar para trás e para fazer o balanço daquele que foi o nosso ano. Quantos dos desejos e promessas que fizemos a nós mesmos na noite de Passagem de Ano, enquanto tocavam as badaladas, conseguimos cumprir, que batalhas vencemos, que guerras não quisemos enfrentar, que decisões não tomamos e que sonhos ficaram por cumprir.
Quando formulamos os nossos desejos, imbuídos pelo espírito da esperança e da mudança, tudo nos parece possível, pelo que prometemos avançar finalmente com aquele projeto que nunca saiu da gaveta, começar a fazer exercício, quando gostamos tanto do sofá, ou fazer algo que nunca pensamos possível, até porque teremos mais 365 oportunidades para o fazer. Esquecemos os nossos medos e receios, as nossas limitações financeiras e negamos, muitas vezes a nossa personalidade, acreditando que este será o ano em que deixaremos de ser tímidos, em que ganharemos coragem ou que passaremos a ser mais ponderados na nossa tomada de decisão que, até ali, foi sempre tão errática. É quase como se esquecêssemos o passado e o presente e víssemos apenas o futuro que se mostra ali tão risonho e tão próximo… quase que o podemos alcançar. O problema é que, no dia seguinte, voltamos ao nosso mundo, à nossa rotina, às solicitações constantes e voltamos a ser engolidos pelo trabalho, pelo stress, pelas exigências e pelos problemas que é necessário resolver. Rapidamente esquecemos os desejos e a esperança e 24h parecem-nos já outra vida.
É por isso que é importante, por vezes, parar para fazermos um balanço, por forma a percebermos em que estado estão os desejos e as promessas que fizemos, reconhecendo aqueles que continuam pertinentes, apesar de adiados, e aqueles que deixaram de fazer sentido, mercê alterações que a nossa vida teve nos meses que foram passando. Contudo, são muitos aqueles que são avessos a realizar este tipo de exercício introspetivo porque, na realidade, têm medo das consequências, receando as conclusões a alcançar porque, intimamente, sabem o quão estão arrependidos de muitas das decisões que tomaram. Sabem que podiam ter sido mais ativos, que podiam não ter procrastinado a realização de diversas tarefas e a tomada de muitas decisões, pelo que é mais fácil continuar a enganar-se e, tal como uma avestruz, a enterrar a cabeça na areia, fingindo para os outros, mas, sobretudo, enganando-se a si mesmo.

Outros há que, quase todos os dias, fazem este balanço entre o deve e o a ver, que analisam até ao mais ínfimo pormenor todas as decisões. Que vivenciam novamente o momento na sua cabeça analisando cada gesto, cada palavra e o seu possível significado, cada entoação e inflexão. Que desenham desfechos alternativos e cenários paralelos, por forma a perceber se outra decisão teria sido mais vantajosa ou mais penalizadora, até porque, caso essa seja a conclusão alcançada, rapidamente traçam um novo plano de intervenção, por forma a atingir o objetivo esperado. 
O problema é que, se os primeiros, os “evitadores”, com a sua atitude nunca conseguirão evoluir, melhorar e crescer, uma vez que não reconhecem e aprendem com as suas falhas e erros, os segundos, os “sobreavaliadores”, nem oportunidade têm para sentir e vivenciar as experiências tidas, uma vez que o seu espírito crítico entra de imediato em ação e a razão sobrepõe-se a qualquer emoção.
Porém, também não podemos esquecer outra espécie de “sobreavaliadores”. Se aqueles que já falamos analisam tudo depois da decisão tomada, outros há que nunca chegam sequer a decidir, uma vez que a análise, antes da tomada de decisão, é de tal forma complexa que, quando finalmente sabem qual a decisão a tomar, a oportunidade deixou de existir e todo o tempo gasto com a análise foi perdido e não poderá ser recuperado. Nestes casos, as pessoas não vivem, mas apenas sobrevivem, sempre temerosas de tomar decisões, de sentir, de vivenciar e experienciar.
No espectro oposto também não podemos esquecer aqueles que nunca pensam e que, de imediato, fazem sem terem qualquer tipo de atenção ou preocupação com as consequências. São dependentes de sensações, da adrenalina e não conseguem retirar emoção dos pequenos prazeres da vida como um belo dia de sol em pleno inverno, o cheiro a relva acabada de cortar ou a terra molhada depois de uma chuvada, um campo repleto de pequenos malmequeres na primavera ou um pôr do sol com mil cores no final de um dia de Verão. Estas pessoas nunca param, quase não respiram e passam de uma aventura para a outra sem sequer perceber ou indagar se a aventura continua a valer a pena.
Seja qual for o seu perfil, a verdade é que parece que o tempo nos está sempre a fugir e nunca chega para fazermos tudo aquilo que queremos e desejamos. Os 365 dias de um ano passam a correr e, quase de um dia para o outro, deixamos as esplanadas e a praia e estamos com a lareira acesa na véspera de Natal ou prestes a ouvir as 12 badaladas que significam o início de um novo ano. Olhamos para trás e não conseguimos perceber o que fizemos com as 8 760 horas que já são passado e que foram vividas até então. Não nos lembramos do muito que fizemos, sendo que ainda continuamos com tanto por fazer… Não conseguimos perceber o que aconteceu a todos os sonhos e aspirações que tínhamos um ano antes.

A verdade é que muitos desses sonhos deixaram de fazer sentido, muitos outros nasceram, enquanto que outros continuaram guardados na gaveta, à espera. Além disso, temos de aceitar que aquilo que ambicionamos dificilmente se realizará na sua totalidade, até porque, muitas vezes, a sua concretização não depende exclusivamente de nós. Apesar disso, verdade também é que, se ficarmos em casa, à espera que nos batam à porta com os nossos sonhos numa bandeja prontos a serem-nos entregues, a sua concretização nunca acontecerá. Temos de ser proativos e trabalhar em prol daquilo em que acreditamos, perseguindo os nossos sonhos, uma vez que, efetivamente, a maior parte do trabalho terá de ser nosso. Contudo, também devemos analisar se determinado sonho faz sentido e, sobretudo, classificá-los de acordo com a sua importância, trabalhando sempre primeiro para aquele que é mais importante e que pretendemos, antes de tudo, atingir. Isto porque, muitas vezes, cumprindo a nossa parte, costuma-se dizer que o universo encarregar-se-á de providenciar a sua concretização, permitindo um alinhamento perfeito de vontades e condições. A sabedoria popular diz que querer é poder e essa é uma realidade. Nunca devemos menosprezar o poder da vontade, da luta e do trabalho árduo com vista a uma evolução e melhoria contínuas. Porém, outras vezes haverá em que teremos de nos resignar e perceber que, de facto, aquele não será o caminho e que, por este ou aquele motivo, determinado sonho simplesmente não é para nós.
Não acredito no destino. Creio que o livre arbítrio existe e que o poder da decisão e da vontade humana são muito mais fortes do que qualquer plano que esteja previamente determinado. Acredito que fazemos e construímos a nossa sorte e que, se quisermos, quase tudo será possível. Alguém que conheço diz que a simplicidade é a complexidade bem resolvida, o que é verdade. Assim, se aquele sonho nos parece demasiado grande para que o possamos atingir, porque não dividi-lo em pequenos sonhos a realizar? Nenhuma montanha é demasiado elevada para escalar, nem nenhum sonho demasiadamente longínquo para que o possamos tentar alcançar. Temos apenas de estar dispostos a pagar o seu preço. E será que vale a pena pagá-lo? Essa será uma decisão que, em devido momento, teremos de tomar, arcando com as suas consequências. Mas esta será análise que terá de ficar para depois…
Deixemos, por agora, o futuro e concentremo-nos no presente. Assim, esqueça tudo aquilo que não fez e concentre-se naquilo que ainda pode fazer nos 32 dias que ainda faltam até à vinda de um novo ano. Viva, sinta, experiencie e cresça. Esteja com quem mais ama, faça aquilo que lhe dá mais prazer e, sobretudo, seja feliz! Ame viver na sua pele!

Por Armanda Bragança

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